O underground reconheceu. O público confirmou.
E o Chamas Underground 2025 não ficou em cima do muro: Barba Rala é a Banda Revelação do ano.
Não foi moda passageira, não foi empurrão de algoritmo e muito menos “sorte de banda nova”. Foi crescimento real, música bem pensada e uma sequência de singles que melhora a cada lançamento. Daquelas trajetórias que você acompanha e pensa: ok, isso aqui não é barulho aleatório. Tem intenção.
Diretamente de Santa Catarina, a Barba Rala constrói um som que mistura rock progressivo, grooves bem marcados, psicodelia e peso, tudo isso costurado por letras em português que preferem provocar do que explicar demais. Nas redes, eles se definem como “Banda de Threads Metal Psicológico”. Pode soar engraçado num primeiro olhar, mas faz mais sentido do que parece.
Do cartão de visitas à virada de chave
O single de estreia, “A Mentira Bem Contada”, apresentou a banda com um pé firme no rock brasileiro. Letras diretas, crítica à vida de aparências e um refrão que gruda fácil. Era o cartão de visitas. Funcionou, chamou atenção e deixou claro que havia algo ali, ainda em formação.
Mas ninguém vence Chamas Underground só com boa primeira impressão.Em “Ser o Que Não É”, a Barba Rala começa a sair do lugar comum. A faixa combina ritmos brasileiros com riffs progressivos bem trabalhados, criando um diálogo natural entre o rock nacional e estruturas mais ambiciosas. O groove aparece com mais personalidade, a psicodelia começa a respirar melhor e a música passa a ser pensada como narrativa, não como fórmula. O refrão
Essa loucura já não tem mais cura...
marca exatamente esse ponto: quando a banda deixa de apresentar ideias soltas e começa a costurar identidade. Aqui, as influências ficam mais evidentes e mais bem resolvidas. Dream Theater e Rush aparecem no cuidado estrutural, enquanto o espírito do rock brasileiro segue vivo, sem virar caricatura.
“Ponto de Vista”: quando tudo se encaixa
O single mais recente, “Ponto de Vista”, é o momento em que a Barba Rala olha pra trás, ajusta o foco e segue em frente com confiança.
A música traz influência clara da fase mais pesada dos Titãs, mas também dialoga com a atitude direta de Raimundos e o groove característico do Charlie Brown Jr., tudo filtrado pelo universo mais denso e reflexivo da banda. Frases como:
Tudo é o que é, inclusive o ponto de vista...mostram uma escrita mais madura, aberta à interpretação e sem respostas prontas. Musicalmente, a banda demonstra controle. O peso não vem do excesso, vem da escolha certa. Quando segura, segura bem. Quando cresce, cresce com propósito. É o tipo de faixa que não pede atenção, mas recompensa quem presta.
o que você entender nem sempre é o que eu quis dizer...
Revelação também se constrói na cena
Ao longo do Chamas Underground, a Barba Rala mostrou que entende o papel de quem faz parte da cena. Divulgou a votação, mobilizou seguidores e ajudou a fortalecer o processo, mostrando envolvimento real com a iniciativa. Não como quem pede favor, mas como quem acredita no movimento.
Esse tipo de postura não aparece no Spotify, mas pesa. E muito.
Não é promessa. É entrega.
Ser eleita Banda Revelação do Chamas Underground 2025 não significa “banda que pode ser”. Significa banda que já é.
A Barba Rala representa bem um momento interessante do rock pesado nacional: letras em português sem vergonha, sem caricatura e sem discurso raso, aliadas a um som que mistura progressivo, groove, psicodelia e peso com personalidade própria.
O público percebeu. O voto respondeu. E o resultado só confirmou o que já estava ficando claro.
A partir daqui, o rótulo muda. A Barba Rala deixa de ser aposta e passa a ser realidade.
E se continuar nesse caminho, o tal “Threads Metal Psicológico” vai deixar de ser piada de bio e virar definição técnica.
Metal é construção. Underground é processo. E a Barba Rala está fazendo os dois sem atalho.
Formação
João Antônio – vocal
SG Luiz – bateria
Kauê – baixo
Weskley (San) – guitarra e produção






